Ironia mesmo é você ver uma pessoa com uma blusa escrito coisas religiosas, ouvindo funk.
Ilusioriamente Humanidade.
-E todos continuam esperando o grande dia do fim da humanidade senhorita, quando irá acontecer?
-Mas será que não percebem que a humanidade deixou de existir faz já alguns anos?
-Ah, sim. todos perceberam, mas a maioria prefere continuar denominando “muitos humanos vivendo próximos” como “humanidade”. Só que esperávamos fogo caindo do céu, pessoas enlouquecidas saqueando lojas, canibalismo mútuo… Esses tipos de coisas dignas de filme sabe?
-Entendo como vocês se sentem, mas infelizmente as pessoas são tão acomodadas em seus abismos pessoais que não se importam muito em fazer algo digno desse porte senhor. Portanto este evento será remarcado para uma próxima geração. Desculpem-nos o transtorno. Vamos remarcar o fim do planeta Terra para o próximo calendário de projetos.
-E quando seria isso?
-Quando todos perceberem que a humanidade atual é uma ilusão dispensável.
-Então este mundo nunca irá acabar… Continuaremos vivendo neste inferno pseudo-utópico até ao fim dos tempos.
-Sim… Mas quiçá não seja necessário destruir algo que já esteja destruído faz muito tempo, não concorda?
-É possível, mas já à tanto tempo desejamos algo grandioso que nos destrua. Profecias ancestrais, mitos religiosos, desastres naturais e ditadores poderosos… Estaremos apenas imaginando…ou até mesmo pedindo uma fácil escapatória coletiva?
-Por vezes é melhor construir que destruir, ou apenas destruir o que necessita ser construído de raiz. Mas não creio que isso será uma tarefa tão fácil como cessar com toda a vida do vosso planeta…
-Sim, morrer é fácil, o difícil é viver. Mas deveremos então pelo menos tentar reconstruir este mundo perdido, movidos apenas por uma fraca esperança?
-Sim, pelo menos tentar. Porque tão cedo não estou vendo o mundo a acabar.
Poeta Cinzento & Desastre Poético.

Retirado de uma revista da Livraria Cultura.
Engraçado mesmo é que o tema de capa era “Ensaio sobre a Solidão”…



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